segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


Jogo e Brincadeira. O que são?

Uma pergunta é feita ao profissional do lazer e/ou educador: “Vamos brincar?” ou “Vamos jogar?”. Qual a reflexão que devemos ter sobre essas perguntas? São palavras com o mesmo significado ou estamos propondo dois tipos de atividades?
Para Silva e Gonçalves (2010) o brincar e o jogar são momentos sagrados na vida de qualquer indivíduo. É com a prática dos jogos e das brincadeiras que as crianças ampliam seus conhecimentos sobre si, sobre os outros e sobre o mundo que está ao seu redor, desenvolvem as múltiplas linguagens, exploram e manipulam objetos, organizam seus pensamento, descobrem e agem com as regras, assumem papel de líderes e se socializam com outras crianças, preparando-se para um mundo socializado.
JOGO 

Na antiguidade de acordo com Velasco (1996), as crianças participavam de algumas atividades, os jogos, por exemplo, eram realizados em ambientes separados podendo ser em praças públicas e espaços livres sem a supervisão de um adulto e em grupos distinguidos por idade e sexo.
O jogo serviu para divulgar princípios de moral, ética e conteúdos de história, geografia e outros, a partir do Renascimento, o período de “compulsão lúdica”. O Renascimento vê o jogo como conduta livre que favorece o desenvolvimento da inteligência e facilita o estudo. Ao atender necessidades infantis, o jogo infantil torna-se forma adequada para a aprendizagem dos conteúdos escolares. Assim, para se contrapor aos processos verbalistas de ensino, à palmatória vigente, o pedagogo deveria dar forma lúdica aos conteúdos. Quintiliano, Erasmo, Rabelais, Basedow, comungam desta perspectiva (KISHIMOTO, 1996).
Para Freire (2002), o jogo facilita o desenvolvimento das habilidades motoras, pois possui uma linguagem corporal que não é estranha à criança e seu desenvolvimento não apresenta características de monotonia ao contrario de exercícios propostos por alguns autores que não são adequados ao universo da cultura infantil.
Segundo Nicolau (1994), a experiência da criança com o jogo proporciona os seguintes aspectos:
1.   O contato com a realidade de forma espontânea;
2.   resolução de situações problemáticas que enfrentamos durante a vida;
3.    o descobrimento de novas maneiras de exploração corporal; e
4.   a construção interior do seu mundo.
Finalmente Silva e Gonçalves (2010) O jogo apresenta os seguintes aspectos:
1.   Exploração e cumprimento das regras;
2.   maior envolvimento das emoções;
3.   limites de espaço e tempo;
4.   desafios envolvidos (motores, cognitivos e sociais); e
5.   espontaneidade na sua participação.

BRINCADEIRA 

Para Friedmann (1996) e Volpato (1999), citados por Almeida e Shigunov (2000) a brincadeira refere-se ao comportamento espontâneo ao realizar uma atividade das mais diversas. O brincar sofreu diversas mudanças com o passar dos séculos devido ao progresso das grandes cidades e a mudança de hábitos da educação da civilização. Desde os primórdios da civilização o brincar é uma atividade das crianças e dos adultos, porém sua realização perdeu seus vínculos comunitários com o passar do tempo tornando-se individual.
Considerado um elemento da cultura do riso, do folclore e do carnaval, ele era e ainda é uma representação da vida e modelo em miniatura da história e do destino da humanidade (VELASCO, 1996)
Segundo Velasco (1996), a brincadeira é uma parcela importante da vida da criança, é a partir dela que a criança constrói sua personalidade, desenvolve suas capacidades físicas, verbais e intelectuais, e tem a possibilidade de tornar-se um adulto equilibrado, consciente e afetuoso.
Para Kishimoto (2002) o brincar promove a busca por meios e pela exploração exercendo papel fundamental na construção de saber fazer. Por ser a forma mais original que a criança tem de relacionar e apropriar-se do mundo, é através dele que a criança se relaciona com as pessoas e objetos ao seu redor, aprendendo o tempo todo com as experiências que pode ter.
O brincar é caracterizado com um ato de divertimento, segundo as diretrizes da ludicidade, não preocupados com a razão ou com a sua formatação. A existência das regras simples ou a inexistência das mesmas. Ausência de tensão e não-compromisso com resultados, com liberdade na sua construção e ao praticar e tem por objetivo a diversão, na busca prazer e alegria, apresentando enorme dimensão simbólica, criando ponte entre os mundos: imaginário e real (SILVA E GONÇALVES, 2010)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

ALMEIDA ACPC, SHIGUNOV V. A Atividade Lúdica e suas Possibilidades. Revista da Educação Física/UEM. 11: 69-76, 2000. FREIRE, J.B. O Jogo: Entre o Riso e o Choro. Campinas: Autores Associados, 2002. HUIZINGA, Johan. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. São Paulo: USP, 1971. KISHIMOTO, Tizuco Morchida (Org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. São Paulo: Cortez, 1996.
---------------------------------(Org.). O Brincar e Suas Teorias. São Paulo: Pioneira, 2002.
NICOLAU, M. L. M. A Educação Pré-Escolar: Fundamentos e Didática. 7ª edição, São Paulo: Ática, 1994.
SILVA, T.A.C.; GONÇALVES,K.G.F. Manual de Lazer e Recreação: o mundo lúdico ao alcance de todos. São Paulo: Phorte Editora, 2010.
VELASCO, C.G. Brincar, o Despertar Psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint, 1996.

Postado por: José Flávio Parreiras

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